A Comunicação Inclusiva não explora estereótipos

O filme Paternidade (Fatherhood – 2021), estreia da plataforma Netflix do último final de semana, traz um exemplo muito bacana de como fazer comunicação audiovisual sem estereótipo racial. Nas redes sociais, inclusive, há muitos comentários dizendo ser diferente assistir um filme contemporâneo onde personagens negros não apontam armas ou tem armas apontadas para si.

O filme em questão trata do desafio da paternidade solo, contando a história de um homem que ficou viúvo logo após o parto da esposa e precisa criar a filha sozinho. Entretanto, a grande mudança de narrativa aparece com a representação desse pai como homem negro e o filme contar a aventura da paternidade desse indivíduo como a de qualquer outro homem.

Você pode estar se perguntando que coisa mais normal, Renata, certo?

Mas eu te afirmo que para o público negro acostumado a ver suas histórias narradas de forma muito estereotipada, a paternidade do homem negro, na maioria das vezes, é apresentada como violenta e negligente. A indústria audiovisual sempre o coloca representando o abandono e a falta de afeto e essa imagem perpetua nosso inconsciente, criando mais um estereótipo negativo para esse homem sempre tão desumanizado e representado a margem da sociedade.

Exatamente por isso é tão importante vivenciar uma produção como essa, que tem como objetivo incluir o homem negro em narrativas cotidianas simples, como a da construção afetiva de uma família. Fique atento. Não basta apenas escalarmos elencos diversos e sempre darmos ao negro o papel de vilão. Esse que, inconscientemente e muitas vezes conscientemente mesmo, acreditamos ser o único que lhe cabe. Como já disse em outros artigos, a inclusão tem como premissa deixar o indivíduo seguro e confortável em determinado ambiente.

Quando falamos na comunicação inclusiva não cabe se expressar constrangendo, esteriotipando. Para praticar a comunicação inclusiva é necessário saber que estereótipos não cabem mais. Os meios de comunicação têm um papel muito importante nessa jornada: na escolha de narrativas, roteiros, personagens, imagens. Acredite!

Ps: Vale assistir Paternidade e conferir uma história afetuosa e divertida protagonizada por um homem negro, chamado Matt, vivido pelo astro Kevin Hart. Estoure a pipoca e divirta-se.

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Renata Camargo
Jornalista graduada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, possui 25 anos de experiência em comunicação corporativa. Consultora em comunicação inclusiva, pesquisadora e entusiasta do cenário brasileiro de Diversidade & Inclusão com ênfase no papel das empresas e marcas na transformação da sociedade.

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