Como identificar o racismo na comunicação do outro se ele não é literal?

Muitas pessoas dizem não ser racistas ou dizem não conseguir identificar um comportamento racista quando o praticam.

Mas não há dificuldade nenhuma em identificar, ainda mais na comunicação, aliás é até bem simples.

Para exemplificar comportamento racista não assumido como tal vou dar um exemplo bem recente: a derrota de Lewis Hamilton, ontem, no Grande Prêmio de Abu Dhabi de Fórmula 1 e consequentemente no campeonato.

A princípio a vitória ou a derrota deveria ser algo corriqueiro, fazer parte do cotidiano competitivo que ele escolheu, certo? Ganha, perde, perde, ganha.

Entretanto, Lewis está posicionado entre os que normalmente ganham, aliás praticamente sempre vence. O cara é heptacampeão, um fenômeno, mas um campeão que incomoda mais que outros, eu diria.

Comprovo o que estou dizendo quando ele perde, como aconteceu ontem, analisando as “zoações”, que são muito mais pesadas, são humilhações. São realmente ofensivas, ultrapassam qualquer limite do usual, do respeitoso.

É nesse momento que você consegue pela comunicação identificar o racista “maquiado” porque ele é muito violento, mas sem ser literal, claro. Afinal, racismo é crime e não pega bem ser racista. Se bem que há alguns que são mesmo racistas, literais, assumidos e fim.

Mas, normalmente o racismo literal só aparece quando por algum motivo o racista se descontrola, se deixando levar pelo lado inconsciente do cérebro.

Neste caso do Lewis, ele assume a posição de chamar o piloto de arrogante, superconfiante, agressivo, trapaceiro, e por aí vai e justifica a derrota como fruto dessa “imagem” que ele diz ter da pessoa e que claro é somente a opinião dele e cada um tem direito a sua.

Não interessa se o piloto em questão é 7 vezes campeão, título que ele e só mais um na história do automobilismo possuem, a derrota dele é celebrada como se ele nunca tivesse feito mais nada além de perder. É como se dissessem “esse é o seu lugar, você é perdedor e cedo ou tarde voltaria para o seu lugar. É como se estivessem apontando e celebrando qual é o lugar dele e pronto”.

Então, se na comunicação há mais deboche ou raiva, que o usual, para contar determinada situação que envolve uma pessoa negra tenha certeza a motivação é racista.

E se realmente você não é racista cuidado com a sua comunicação, com a transmissão das suas opiniões, com estereótipos, crenças e preconceitos que você carrega dentro de si. Evolua a maneira de se expressar e tenha como premissas o respeito e a empatia.

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Renata Camargo
Jornalista graduada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, possui 25 anos de experiência em comunicação corporativa. Consultora em comunicação inclusiva, pesquisadora e entusiasta do cenário brasileiro de Diversidade & Inclusão com ênfase no papel das empresas e marcas na transformação da sociedade.

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