Empatia, honestidade e representatividade

Como venho colocando, a empatia parece ser mais relevante do que nunca: não basta mais parecer preocupado em se colocar no lugar do outro, ser fake, tem que estar honestamente preocupado com as diferenças do outro. Isso vale para um shooting, um publi, uma campanha e até mesmo um filme.

O filme recém lançado na Netflix, Fuja (Run), traz exatamente isso, não basta parecer precisa ser verdadeiro. Desta forma, a protagonista é verdadeiramente cadeirante. A escolha de Kiera Allen foi considerada um grande passo no campo da representatividade. “Fuja” é o primeiro grande thriller em 70 anos a ter uma estrela cadeirante.
Durante entrevista ao The New York Times, a atriz falou sobre a importância dessa representatividade.

“Parece que será a primeira vez que muitas pessoas da minha geração verão um usuário de cadeira de rodas de verdade interpretando um usuário de cadeira de rodas na tela. É uma grande honra! Há tão pouca representação na mídia de pessoas com deficiência que sinto que estou representando uma comunidade inteira por essa falta de visibilidade. Eu realmente espero que Fuja derrube barreiras e que mais pessoas com deficiência sejam escaladas para filmes importantes”

Mas se por um lado há pessoas preocupados em mudar, por outro há as que sempre irão sabotar a mudança. O diretor e os roteiristas do filme nunca tiveram dúvidas sobre o desejo de um ator que realmente usasse uma cadeira de rodas para o papel. Entretanto, durante suas buscas na internet contam como alguns atores mentiram sobre serem cadeirantes para conseguir um teste.

“Vimos algumas jovens que se apresentaram como pessoas com deficiência. E nós pensamos, uau, eles são muito talentosas … mas alguém as pesquisou no Instagram e havia vídeos delas andando na praia, tipo, duas horas atrás”, explicou Sev Ohanian, produtora.

Inaceitável, não é mesmo?

Para as organizações, como a Netflix, fica cada vez mais evidente o quanto elas serão cobradas sobre a sua atuação no mundo. Se elas não refletirem as transformações necessárias em suas formas de atuação e de comunicação, elas podem perder o que chamamos de licença social para operar, ou seja, podem ser boicotadas e canceladas. A sociedade exige novos posicionamentos por parte das organizações – tanto em suas narrativas de comunicação, quanto e, principalmente, em relação às suas ações.

Em tempo, estoure a pipoca e se ainda não assistiu, vale assistir Fuja na Netflix.

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Renata Camargo
Jornalista graduada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, possui 25 anos de experiência em comunicação corporativa. Consultora em comunicação inclusiva, pesquisadora e entusiasta do cenário brasileiro de Diversidade & Inclusão com ênfase no papel das empresas e marcas na transformação da sociedade.

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